domingo, 26 de dezembro de 2010

Lento e nada leve

Os caracóis prateados apareceram...
Anunciaram o dilúvio!
Os seres humanos não entenderam nada de fim dos tempos.
Os caracóis prateados entendem!
Com suas conchinhas resistentes, se guardam, meditam, calmos... mas sempre a frente.
Uma reflexão boa de observar.
Deixam um rastro gosmento, com a finalidade de observar, e não cometer os mesmos caminhos.
Sabem que cada curva é um errar.
Mas o ponto de vista é outro, é o de um caracol prateado.
Que longe longe vai.
Devagar e quase sempre.

Dó!

Menina vagabunda,
Só se estraga.
Não sabe mais o valor do real.
Tripudia das mensagens subliminares.
Conquista o samba da esquina.
Requebra.
Rebola.
Revira a Kundalini.
Fecha os olhos, sorri no mundo criado.
Uma fugitiva!
Refugiada de si.
Fala tanto de si...
Só queria ser mais silenciosa.
Menos ansiosa.
Menos humilhada.
Menos coitada.
Ai quanta dó de si.

Ai solidão!

Em bando, misturada...
Para não me sentir tão só.
As vidas podiam ser menos particulares.
O bem deveria ter endereço.
As moradas, onde estamos.
Nunca pressa de partir.
Essa separação entre vagabundo e certinho...
Artista e trabalhador...
Tão desigual!
Gritar a liberdade? 
Tão inocente! Tão fútil! Tão infantil!
Liberdade mesmo é ser dono de si, não precisar gritar por nada!
Entre um e outro sorriso fabricado, choro por dentro.
A incompreensão, a falta de prazer, a preguiça!
Um papinho sei lá oq, sei lá pra onde...
Um pinto...
Daqueles que voa porra, como qualquer outro!
Tô querendo me relacionar com anjos, aqueles de verdade.
Com asas...
Tudo preparado, lugar ao céu!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Seis possibilidades

Ô cabecinha confusa essa minha!
Acordo Índia e vou dormir Cigana...
Faço as malas para Marte, e não saio nem da Vila.
Inverto tudo; no samba, eu choro!
No velório eu me apaixono...
Na meditação eu dou risada!
Fico perdida, é muita escolha, opção, vontade... Sei não!
É muito comum acontecer comigo, três festas incríveis para ir no mesmo dia... E eu???
Fico em casa dormindo, por pura incapacidade de escolha!
Ou pior, vou justamente naquela que, aquele dia resolveu não ser tão incrível assim...
Puta que pariu!
Amo de paixão comer!
Aí, vou a um restaurante bacana... Faço o quê?
Fico duas horas e vinte para escolher o prato, quem está comigo, se for inteligente já comeu, se não caiu da cadeira desmaiado de fome!
Isso sem falar nas relações... Mas isso, bom, deixa pra lá!
O tarô, a numerologia, o mapa astral dizem: foque!
Difícil viu?!
 Tô no tempo das compras, logo estraga, logo troca, vende, permuta, negocia...
Aí compro um celular super mega blaster, sinto falta do antigo pq a bateria durava mais e ele pegava embaixo do túnel no metrô!
Não sei se já falei isso, um alguém me disse esses dias que, quando ficamos muito tempo para  tomar uma decisão, queimamos cartucho da nossa memória...
E eu colocando a culpa na maconha tabelada!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Enfim...

Daí descobri um alguém que gosta de ficar em casa!
Que gosta de ficar sozinho!
Que gosta de si...
Ai ai!
Vomitei um tanto de palavras no papel, e fiquei mais tranqüila...
Um calmante antigo esse!
Pena não ser receitado pelos médicos.
Um tremelique estranho nas mãos... Cigarro demais? Sentimento demais? Sei lá...
Prefiro assistir o por do sol, da janela que tanto me faz bem! A velha alma.
Essa tal de alma gosta das coisas às claras! Mas nem sempre sei como fazer.
Tantas coisas que gosto e não sei como fazer... O feijão da minha avó, por exemplo!
Quem sabe, se um dia aprender a cozinhar o feijão da minha avó... Passe assim mais tempo em casa...
Ela quase não sai, o segredo deve estar no feijão! Algum pozinho mágico que faz a vida dentro de casa muito mais interessante!
Ou não!
Sei que deveria me esforçar... Mas tenho preguiça de concluir esse raciocínio!
Enfim...

Para aí!

Escrevo e canto cada dia pior!
Gosto de prata, não de ouro!
Quando venta, sinto arrepio, não frio!
Todo vento carrega uma notícia. E ninguém nem percebe!
Não percebe pq não ouve com coração de criança...
Carrego um coração pré-adolescente, cheio de crise, paixão, dúvida, medo...
Hoje, depois de muito, muito mesmo... Tive medo de morar só!
Tranquei todas as portas, acendi todas as luzes, liguei o som, a TV, o computador, tudo ao mesmo tempo!
A conta de luz vai vir alta! O meio ambiente foi debilitado!
Pensamentos de gente que teve que crescer!
Ai que saco!
Fumo sem me esconder, mas às vezes falta o cigarro.

Tum...

Uma paixão boa que bateu ali!
Fumamos um?  Não, deixamos para lá...
A rede escolheu a forma do abraço, o encaixe
Cada tom uma sedução!
Olhinhos brilhantes
Tanta foto bonita...
Um que de não sei que
Uma invasão boa
Um pertencimento um do outro
Pausa para respirar
O suspiro vira choro...
O choro sei lá...
Assim foi q passou, rapidinho...
Uma hora em vinte minutos
Uma noite em um sorriso

sábado, 30 de outubro de 2010

S2

Deixou de dizer “EU TE AMO!” pq já não fazia mais sentido.
Impossível!
Então não era amor... Amor não sai correndo assim!
Ora, outra diz, “o amor é dele, e ele pode fazer com isso a porra que bem entender.”
Ai ai... Guardar o amor pra si... Numa caixinha bem trancada... Chamada coração... Ai ai ai!!!
Me lembro que quando criança, pensava:
-Esse formato de coração que me ensinam na escola (S2) não pode caber dentro de mim... É muito redondinho, certinho...
Vai ver que era pq não conseguia desenhar.
Mais tarde, nas aulas de sei lá oq, descobri que o formato era mesmo outro, tinha veia e tudo mais...
Descobri também que o príncipe e a princesa que casam, um dia viram rei e rainha...
E que pra ser feliz para sempre, tem que suar a camisa!
O tal formato de coração, hoje aprendi a desenhar.
E fico aqui tentando encaixar num corpo, que a sabedoria de criança já havia detectado que não cabia!   

Ai de hum!

Lembro-me de quando dormiu no meu quarto,
Perdeu a hora,
Acordou com medo de ir embora e pediu para ficar um pouquinho mais.
Tão bonito! A expressão sapeca apaixonada.
O medo de ser mulher demais.
A angustia de ser mulher de menos.
O choro desesperado.
O abraço apertado.
-Sem você não posso mais!
Amor num tiro só,
Pra roteirista nenhum botar defeito.
Abrindo cada segredo, como a uma fita de embalagem para presente.
Presente imediato, que não sabia quase nada do passado,
E já matava o tal futuro num beijo demorado...
Sumiu! Descendo alguma dessas escadarias.
A lembrança virou fumaça, que sai do escapamento de uma nave qualquer.

Furo no céu!

De mala pronta
Furada no espaço
Fugida do aleatório.
O avião passou...
Alto alto lá no céu!
Perdi o bilhete,
Por pura burocracia não embarquei!
Burocracia celestial
Que não deixa o distante chegar,
Tão longe lá,
Tão sufocante aqui!
Prazer do momento eterno que não é,
Posto que nada é!
Culpar o céu...
Mais confortável que assumir o chão!
Desce da nave ego voador.
Pousa num quintal por aí e se resolve!!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ela quer...


Tatua teu corpo em mim, num abraço, como um mimeógrafo.
Honra teu povo, e respira com coerência.
Traga na mochila um bom cheiro, uma canção!
Limpa as poeiras do coração, me causam rinite!
To querendo um cafuné sem pressa, pode ser???
Nesse mundo de meu Deus, o que não te falta é hora pra ir embora!
O que não me falta é vontade de pedir para ficar...

Flash

Curvas perfeitas! Sorrisos precisos. Roupas caras. Jóias brilhantes... E uma pressa de fama.
É preciso fazer girar os investimentos, afinal o silicone, a academia, e os chiquérrimos perfumes custaram muito!
Ter consciência artística e social (valeu Gú!) para n transparecer a burrice!
Saber discutir política, o superficial é claro, para ser Cult.
Falar gemendo.
Envolver-se em uma causa ambiental, não por se preocupar com a natureza, sim porque está na moda!
Relacionar-se somente com homens bonitos e ricos, sem se importar se batem ou não em mulher.
Matar os pais, queimar índios, para curar a monotonia da vida.
Não aprofundar jamais!
Puta que pariu! Dá trabalho ser patricinha!!!

sábado, 16 de outubro de 2010

Pitanga


Da varanda fresquinha ela fez o seu altar.
Disse palavras bonitas ao céu.
Admirou a variação dos verdes.
Cobriu o corpo com galhos, penas, flores e folhas...
Só então criou coragem para dançar o mundo.
Girou!
Cambaleou, mas não caiu!
Se caiu, nem se lembra como foi...
Trançou um colar de sementes de pitangas, e fez dele seu amuleto, seu patuá, sua mandinga.
Pegou carona nos braços do vento, e sumiu no horizonte.

Fé abandonada


O meu Deus hoje é triste!
Te vi, com lágrimas de criança, com fome e frio...
E a minha impotência nada pode fazer.
Como é dolorido
Quando um Deus chora!
Como é sofrido, quando o seu Deus te abandona.
Poderia poder muito mais... Palavras caprichadas de quem nada faz.

Brisa boa

É tempo de beijar a testa da plenitude.
De bater cabeça a boa sorte.
De amar o infinito.
Hoje sinto a solitude, já posso dizer aos amigos que ela existe!
E como é incrível!
Como sou abençoada e bem acompanhada.
Agradeço agradeço agradeço!!!
O medo do inesperado passou, fica a curiosidade!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vermelho Turvo

Aquele era um dia sem graça...
Sem sol, sem chuva, cheinho de tédio!
Ela foi pra casa, tomou um prato costumeiro de sopa,
E um copo de água, para desengodar e descer toda a gosma!
Tentou chorar, mas não conseguiu... Estava seca a coitada!
Sorriu para o espelho, e viu que as rugas vinham a galope.
Tomou cinco potentes comprimidos...
Com a vista já turva, e a cabeça atordoada,
Viu que o sangue dos pulsos poderia fazer um desenho bonito nas paredes!!!
Mas já não tinha força!
Antes de fechar os olhos, pensou:
- “melhor assim, seria uma heresia manchar os brancos lençóis bordados por vovó.”
Não comunicou,
Não anunciou,
Não gritou,
Nem ligou...
Só pensou na brancura dos bordados da avó!

Maluca


“Num dia triste de chuva...”
Tão borocochô...
 Uma culpa que não me cabia; culpa do suicídio alheio, culpa da fome alheia, culpa da puta que pariu!
“... foi minha irmã quem me chamou pra ver
Era um caminhão, era um caminhão
Carregado de botão de rosas
Eu fiquei maluca
Por flor tenho loucura...”
Ai Deus,
Como pode ter saído da mesma personificação os ratos e as flores?
É mesmo paradoxal!
É, é mesmo!
Um não pertencimento irritante! 
Me leva de volta pra casa?  Pro meu planeta de origem, quero encontrar aqueles que nunca me abandonam...
Isso aqui tá um saco estourado, não cabe eu nessa porra!
Deveria aprender algo no pico montanha, a fazer meu próprio caldo.
“... saí  
E quando voltei molhada
Com mais de dúzias de botão
Botei botão na sala
Na mesa, na TV, no sofá
Na cama, no quarto, no chão
Na penteadeira, na cozinha, na geladeira
Na varanda e na janela
Era grande o barulho da chuva...”
Era tanta flor, tanta flor...
De encher os olhos!
O problema era o cheiro... Muito perfume dá enjôo...
Taí o real problema, nada contenta!
Uma palhaçada sem fim!
Se é rato demais dá enjôo, se é flor demais também!
“... A chuva
Eu fiquei maluca
Eu fiquei maluca
Da chuva
Eu fiquei maluca
Eu fiquei maluca.”
Só então me lembrei que sou filha única.


Sonho de menina

Amarrou um peso na paixão, jogou no rio!
Afogou-se, antes de dar um primeiro suspiro.
Fez um café, ascendeu um cigarro, ofereceu uma manta quentinha...
E disse: - Se quiser pode ficar.
Ninguém pode dizer que não amou, mas também n pode dizer que amou!
Era assim, livre e carente.
Um potencial incrível para amar mil coisas e pessoas ao mesmo tempo.
Um potencial para adiar os compromissos que só vendo.
Só queria viver feliz para sempre.
Dorme agora bem querer! Amanhã pode ser outra coisa...