quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Menina Jaci

Numa tribo do muito distante, o costume antigo era; mulher menstruou, mulher fica presa.
Uma oca preparada para recebê-las.
Durante todo o ciclo sanguíneo elas ficavam lá. Sem luz do sol!
Quanto mais durava, melhor era a moça para casar.
Era considerada mais fértil, boa parideira.
E por ali, o que interessava mesmo aos homens, era mulher que pudesse ter muitos filhos.
Jaci, desde pequeninha olhava aquilo e achava uma afronta.
Pois Jaci um dia cresceu, mocinha virou, e lá foi ela... Carregada para a tal oca.
Ia a menina triiiste, parecia indo a uma forca.
Contava os dias dentro da toca escura, achando tudo uma grande tolice.
Acreditava no amor! Não em cadeia!
Não tinha vocação nenhuma para passarinho enjaulado.
Não dava conta de nada que se fazia por ali, não sabia trançar balaio, nem moldar tigela de barro, fazia tudo errado.
Levava três dias para fazer o que as outras faziam em poucas horas.
Gostava mesmo era de caçar, solta no mato.
Para o azar da pequena, era a que ficava mais tempo enclausurada, nove longos dias.
É muito tempo, se você pensar que o mês tem aproximadamente trinta dias, passava 1/3 de sua vida na escuridão.
Chorava quietinha, pq não podia despertar a curiosidade das outras.
Um dia, anunciada pela lua, na véspera de sua prisão, sumiu no mato.
Só carregou com ela o arco e a flecha de seu velho pai.
Nunca mais se teve notícias de Jaci!

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